Trash por definição

Definindo o que é um filme trash

A definição de filme trash ainda é muito discutível, mas em geral trata-se de um filme mal feito propositalmente ou não. Muitas vezes são associados a filmes de terror, mas um filme (ou vídeo) trash é uma estética que pode ser usada em qualquer gênero.

Podemos auxiliar a definição de “filme trash” a partir das definições de outros quesitos, que frequentemente confundem-se com o trash.

Filme amador

Filme amador (ou vídeo amador) são obras cinematográficas criadas por hobistas, muitas vezes pelo prazer, sem fins comerciais.

Desconsiderando a própria invenção do cinema, com seus primeiros experimentos, a primeira onda de filmes amadores pode ser descrita pelo surgimento das câmeras super-8, possibilitando o público geral a produzir seus próprios filmes. A tendência era de uma popularização cada vez maior, com o surgimento das camcorders, primeiramente analógicas (VHS, Betamax, Video8) e digitais (miniDV, miniDVD). A popularização de aparelhos com capacidade de gravar vídeos, como celulares e notebooks, bem como os meios de distribuição (Youtube e outros) completou a acessibilidade a produção amadora.

Filme B

O termo Filme B foi usado originalmente para se referir a filmes de Hollywood destinados a serem a “outra metade” de uma sessão dupla, que geralmente apresentava dois filmes do mesmo gênero (faroeste, gangsters ou horror).

Nos tempos dos maiores estúdios de cinema, essa terminologia era oficialmente usada para este fim, que também forneceu a nomenclatura de atores “A” ou “B” (por exemplo, Ronald Reagan, o 40º presidente dos Estados Unidos, fez carreira atuando em filmes B). As principais produtoras tinham unidades próprias para esse tipo de filme, mas também havia pequenos estúdios como PRC, Consolidated, Ajax, Mascot, Puritan, Monogram, Principal etc, que se especializaram em fazer filmes B. Esses estúdios eram referidos como pertencentes ao Poverty Row (Cinturão de Pobreza), termo usado para designar coletivamente as companhias localizadas numa região de Hollywood chamada Gower Street, que produziam filmes com orçamentos extremamente reduzidos. Um estúdio do Poverty Row era capaz de rodar um faroeste de uma hora em apenas dois dias e meio, gastando somente oito mil dólares! Vários desses estúdios, entre eles Mascot e Monogram, fundiram-se em 1934 e formaram a Republic Pictures. Apesar de ter produzido alguns filmes de orçamento considerável, a Republic nunca perdeu a fama de estúdio de segunda classe, mesmo porque ela foi a rainha dos filmes B. O fim da chamada “Era de Ouro de Hollywood”, que se estendeu dos anos 1920 até os anos 1950, resultou não só no fechamento dessas companhias como também no fim dos próprios filmes B, independentemente de terem sido produzidos por grandes ou pequenos estúdios. A maior parte dos cinemas ‘drive-in’ fechou, e as exibições duplas rarearam. Hoje a distinção entre Filme Classe A e Filme B é feita levando-se em conta outros critérios, além do orçamento.

Filme Cult

Filme cult é um termo coloquial para filmes que agregam grupos de fãs devotos, mas que não alcançam uma fama e reconhecimento considerável. Eventualmente os fãs se identificam com o filme por um senso do ridículo, ao invés de um mérito artístico. As características em um filme cult podem incluir uma trilha sonora obscura, conceitos e ciências fictícios criados na história, ou personagens estranhos.

Geralmente são filmes de conteúdo original, e de roteiro também original, que tentam passar uma mensagem inovadora, muitas vezes de forma subliminar, de múltipla interpretação e de difícil compreensão pelo grande público (habituado a visões mais convencionais da realidade). Por assim ser, geralmente são enquadrados em filmes alternativos, filmes B e undergrounds.

Filme Underground

Underground é uma expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais, dos modismos e que está fora da mídia. Também conhecido como Cultura Underground ou Movimento Underground, para designar toda produção cultural com estas características, ou Cena Underground, usado para nomear a produção de cultura underground em um determinado período e local.

Filme Independente

Um filme indepentende, ou filme indie, é um filme que é boa parte produzido fora de um grande estúdio. O termo também refere-se a filmes de arte que diferenciam-se do mercado principal de filmes. Adicionalmente em ser produzido por produtoras independentes, filmes indie podem ser produzidos e distribuídos por subsidiárias dos grandes estúdios. Para ser considerado independente, menos da metade do orçamento do filme deve ser proveniente de grandes estúdios.

Filmes indie são eventualmente distinguíveis pelo seu conteúdo, estilo e pela visão artística de seus produtores. Usualmente (não sendo regra) filmes independentes são realizados com orçamento reduzidos, comparado a grandes produções. Geralmente o mercado de filme indie é caracterizado por uma distribuição limitada, destinado a audiências específicas.

Retornando ao filme trash

A partir das definições anteriores, já restringimos e esclarecemos, mas ainda não definimos o que é o trash. Na verdade podemos concluir que se trata de classificações distintas (ou seja, um filme trash pode ser independente ou não, etc).

Partindo para outra visão, podemos classificar um filme como trash se ele atende certos critérios. Para isto, basta enxergar-se ao opinarmos sobre o filme, ou seja, quando alguém fala “cara, esse roteiro é trash”, ou “esse personagem é muito trash”, mesmo com uma definição nebulosa, pode-se realizar uma média de opiniões.

Sendo assim, uma lista tentativa de critérios e pesos seria:

  1. Baixo orçamento – aqui depende da época do lançamento, devido a inflação, mas superproduções ficariam com 0 pontos, patrocínios discretos 1 a 2 pontos, independentes 3 pontos, escolares 4 pontos, orçamentos pessoais 5 pontos;
  2. Produção pobre, de segunda categoria, feita às pressas (resultante do item 1); ou uma produção profissional que imite este estilo ou de gosto duvidoso; em um ou mais campos abaixo (1 ponto cada):
    1. Fotografia,
    2. Efeitos especiais,
    3. Figurino,
    4. Cenário,
  3. Roteiro surreal, com premissas inverossímeis, ou com muitos furos de continuidade – roteiros “padrões” ou derivados de bons livros 0 pontos, roteiros autorais mas com elementos escatológicos ou surreais 1 ponto, roteiros sem base em qualquer padrão ou com muitos elementos surreais 2 pontos, roteiros amadores e desajeitados 3 pontos;
  4. Gênero típico: terror, ficção científica, comédias e paródias associadas – 1 ponto;
  5. Elenco: atores profissionais 0 pontos, atores canastrões, de atuação pobre, exagerada, com figuras de linguagem não condizentes com o personagem ou elenco de apoio amador 1 ponto, atores canastrões e elenco de apoio amador 2 pontos, grande parte do elenco amadora 3 pontos, elenco de principiantes 4 pontos;
  6. Personagens esteotipados (1 ponto por ocorrência):
    1. Vilões com motivação destrutiva, sem aplicação real (destruiu o mundo, e aí?), contendo ainda:
      1. Dotado de recursos ilimitados,
      2. Personalidade forte juntamente com desvios psicológicos,
    2. Personagens de alívio cômico, sem aplicação real (seriam demitidos/ mortos na primeira babaquice pelo vilão)
    3. Mulheres sensuais, com roupas minúsculas, particularmente em situações aonde não é apropriado;
    4. Bucha-de-canhão: soldado, seguidor, assecla, que segue o vilão incondicionalmente, com aparência idêntica (eventualmente com máscara para não mostrar individualidade ou passar pena pela sua morte), claramente inepto, no qual mesmo em quantidade superior não consegue impedir o herói;
    5. Monstros, alienígenas, mutantes, ou seres humanos de aparência horrível;
    6. Personagem crossover de características pouco prováveis (ex. indiano lutador de kung-fu perneta fanho)
  7. Elementos recorrentes em geral (1 ponto por ocorrência):
    1. Sangue em excesso;
    2. Mortes cruéis (decapitação, amputagem, empalamento, gore em geral, etc)
    3. Heróis com ferimentos gravíssimos, mas que não morrem, ou que aparementemente morrem e retornam à vida;
    4. Armas incomuns no contexto do personagem (martelo, motosserra, lança-chamas, equipamento militar usado por civis), eventualmente usado com destreza, apesar de não condizer com o personagem;
    5. Piadas infames;
    6. Equipamento (gadget) “certo para a hora certa”;
    7. Artefato do juízo final, em poder do vilão, ou no qual o vilão procura;
    8. Recursos ilimitados (armas, fortalezas, etc), de posse do antagonista porém mal geridos, com brechas encontradas pelos protagonistas com relativa facilidade;
    9. Lutas ou ações que desafiam as leis da física;
    10. Anacronismos (eventualmente referindo-se ao item 7h ou 7i);
Abaixo uma tabela sugerida para pontuar em uma escala de 1 a 5, o que seria um filme trash.
Pontos Orçamento Gênero Atores Direção Roteiro Produção
5 Caseiro, geralmente abaixo de 5 mil. Gore, paródias, Darkone Vizinhos/Parentes Amador Improviso Handheld e coisas de casa, como ketchup, papelão e etc
4 Independente normalmente menos de 1 milhão Viagem, cult, filosofia Estudantes/Novatos Autoral Autoral, Psicodélico Tem maquiagem e sangue cinematográfico por exemplo
3 TV, seriado, abaixo de 10 milhões de dólares Comum, mais do mesmo Atores de TV ou que fazem ponta em blockbusters Seriados/ teatro/
circuito
comum, mais do mesmo, roteirista do ramo TV, seriados e etc. Chroma Key ao invés de cenários
2 Estúdio Acima de 10mi Adaptações de livros e etc Atores conhecidos, mas nenhum medalhão Ótimo diretor, como o Snyder Equipe de roteiristas profissionais Estúdio, efeitos comuns ou tentativas de coisa boa mas que sai mais ou menos
1 Blockbuster centenas de mi de dólares Não importa, tem super marketing que ignora o tipo e chama todos pro cinema. Ao menos um medalhão ou vários conhecidos e em alguns casos vários medalhões Medalhão de Hollywood, Scorcese, Cameron, Spielberg e etc Medalhão de Hollywood (o que inclui sua super-equipe). Os megalovax fodas, como: Jurassic Park, Avatar, Titanic e etc

Fonte: Wikipedia, Barsa, textos do Manso e a mente deturpada de Bruno Gunter.